domingo, novembro 16, 2008

18 anos e 7 dias

Oficialmente acabou, chegou ao fim , encerra-se o capítulo da minha infância, a Primavera da minha vida vai lá para o fim de Abril. Apanhei uma altura de mau tempo, chuvas torrenciais, parecia uma cabala contra mim.
Nos meandros da minha vida adulta, encontro-me numa espécie de limbo, nem carne, nem peixe, agora mais que nunca, um imprevisto apressa a minha definição, cada vez menos híbrido, cada vez mais definido, num pilar me tornei. Faço tudo com um sorriso na cara, principalmente aquilo que não gosto, sendo aquilo que eu gosto a minha maior força e fraqueza.
O cabelo castanho despenteado, a postura altiva e convencida, o olhar distante, o sinal no canto do lábio, o IMC abaixo de 20, o calcanhar de aquiles loiro, o tom suavemente africanizado...tudo isto sou eu, eu sou tudo isto...as bebedeiras "só de cheirar", o desbocar delas proveniente, a pronúncia malandra que sai quando menos espero, o vocabulário alargado, a burrice inerente à minha inteligência, o humor seco e aguçado...tudo isto é meu, eu sou de tudo isto...os que tiveram presentes, os que não estiveram presentes, até os que comigo falharam, as que gostei, as que de mim gostaram, as que me fizeram sofrer, as que por mim sofreram, as em geral...eu sou vosso, vocês são meus também.
18 anos e uma semana, meros números, eu sou mais do que uma simples estatística, eu sou o conjunto do melhor e do pior que me rodeia, sou um bocado o wil, um bocado o diaz, um bocado a mtv, um bocado a focus, até do record eu tenho um bocado, qual manta de retalhos, fiz-me um puzzle, e em que até o mais insignificante elemento da minha vida é uma peça. Simples e complicado, frio e apaixonado, inteligente e burro, feio e bonito, infantil e maduro...algures no meio de isto tudo me encontro eu, Daniel Esteves, maior de idade.

Matilde

Tão depressa surgiste na minha vida,
como desapareceste, dirigiste-te à saída.
4meses, duas semanas, mil e um sonhos,
passeamos por toda a cidade, rimos juntos,
quantas vezes não te mudei eu a fralda?
como cheirava, e mesmo estando eu de cara trancada,
sabia q lá no fundo não importava nada.
Quantas vezes não te chamei de "coisa",
se calhar para evitar o que ontem sucedeu,
sangue do meu sangue, tudo se desvaneceu.
Porquê? qual era a tua pressa? não tem sentido!
depois de tanto sacrifício, deitaste tudo a perder,
depressa e bem não há quem, nunca ouviste dizer?
Tou danado contigo, o que tínhamos era algo especial,
não pensaste sequer na nossa mãe, não imaginas como ela está,
trouxeste alegria, impuseste a tristeza, foste cruel e má!
mas eu me consigo chatear contigo Matilde,
eu que te dei o nome, nascido de uma brincadeira,
não imaginava que eternamente Matilde ficasses, de maneira
nenhuma pensei em tal, e agora que partiste, deixaste um espaço no meu pensamento,
odeio-te pirralha! pela primeira vez vi a mãe e tal sofrimento,
e tudo por tua causa, porquê tanta pressa?
ainda assim, foi um prazer conhecer-te,
cada momento, cada risada, cada palavra aprendida,
o primeiro sorriso, o despontar da tua vida,
a rosa desabrochava, mas não passou de um pequeno botão,
não me esqueço de ti, vê se te lembras do teu irmão.

beijo

domingo, novembro 09, 2008

Quando Mr Hyde sai a rua...

Quando falo consigo, contigo, o que preferir... sinto-me como se estivesse a ouvir a mais bela sinfonia de Mozart...que qual génio surdo conseguia, ainda que de um modo tão especial e único, tocar nas pessoas...envolvê-las numa teia etérea de música e emoções; tudo misturado numa inspirada surdez que me provoca arrepios na pele, me traz lágrimas aos olhos e água na boca (quem é que disse que a música so se ouve com os ouvidos?!).
Pois muito bem, é assim que me sinto quando vossa excelência se dirige a mim, gesticulando esses suaves e delgados lábios e, murmurando gentilmente um "Olá".

sábado, novembro 08, 2008

ups!

falhei o mes de Outubro,
algo nunca sucedido,
agora ando a mil à hora,
sinto-me um bocado perdido.

ao longo deste hiato criacional,
muito se sucedeu,
e desnorteado em torno deste meu Eu,
que é um perfeito desconhecido, algo esta mal.

assisti a muitas comemoraçoes, senti na pele a mudança,
senti a pressão, de quem almeja algo e não o alcança,
a frustração de querer mudar o imutavel,
tal holograma, não apalpavel, intangível.

e assim como quem não quer nada,
atingi o limite, a infância
vai ser legalmente ultrapassada.

foram 365, fantásticos, elevaram a fasquia,
venham de lá os próximos,
amanhã é o Dia.