terça-feira, janeiro 26, 2010

Metadona

As minhas veias sabem que não és o mesmo,
O coração quando te bombeia, ri-se da minha tentativa,
Não tripo nem metade, o efeito não é o mesmo,
O sabor é diferente, quando o que queria era o costume,
Noites como esta, em que a ressaca está bem activa,
Não te dão hipótese, o meu corpo sabe que não és o mesmo.

Trémulas mãos, mente toldada, corpo em sofrimento,
Sintomas de algo,
algo que já não aguento.

A cabeça mata-me, o peito está pesado,
a dose é de cavalo,
alivia-me um bocado.

O teu efeito é efémero,
adia o inevitável,
amplia o insuportável,
torna-a intangível,
e vai-me deixando perecível.

O que eu não dava por uma boa dose,
da verdadeira, da pura,
da primeira merda que me tire desta sobriedade,
cheiro, fumo, inalo, faço o que for preciso
tirem-me deste mundo, tirem-me desta cidade!
Levem-me para longe, inferno ou paraíso,
levem-me daqui!

Aqui a tentação é sufocante,
provocante, e incontrolável ,
Sinto-me enfraquecer,
quando tento não ceder.

Tirem-de daqui!
Tirem!
Que sozinho não sou capaz.

Levem-me para longe!
Levem-me daqui!

Não aguento nem mais um segundo.
Por favor

Tirem-me de mim.