quarta-feira, outubro 21, 2009

Devolve-me

Quem a ferros mata,
enferrujado morre;
o hábito faz o monge
e neste momento sinto-me nu.

Já foi há tanto tempo
que nem o próprio Tempo se lembra;
qual mergulho num mar de morfina,
um torpor que estupidifica,
nigga sinto-me tão fly!

Quando me derivo e anulo,
marco passagem de volta ao chão.
Retomo à procedência,
o despertar é violento.

Aclaro as ideias,
Verifico se tenho tudo,
se não me falta nada,
pois não confio em ti;
o bocado que me surripiaste,
importas-te de mo devolver sff?

sábado, outubro 17, 2009

Nozes

Será?
Penso que sim mas acho que não.
Penso que sim porque sou eu,
porque és tu, e porque não nós?

Acho que não, porque penso que sim,
sem nada mais ter feito que apenas pensar.
E se há coisa que conheço, essa é a minha sina
e desta perspectiva, a coisa fica complicada.

Penso que sim, porque gosto de sonhar,
enternece-me por dentro,
faz-me lembrar que sou humano.

Acho que não porque se sonho,
subo alto
e quando subo tendo a cair.

Penso que sim, porque espero que sim.

Acho que não, porque tenho um certo receio.

Venha o que vier,
saí da defensiva,
camarão que dorme a onda leva.

Venha o que vier,
surpreende-me, surpreendo-te,
e por ai em diante.

Venha o que vier,
a coisa há-de valer a pena.