3 (ou o tempo que não vivi)

Três horas perdidas,
três situações possíveis,
a tornada real, é como as velhas, carpida.

Se um gato tem sete vidas,
eu tenho três,
duas ja gastei, a outra fica para a próxima vez.

Três para um, como uma multiplicação,
vejo-me no meio desta situação,
apenas dois algarismos significativos, zero a solução.

Três pronomes, duas pessoas,
um deles proclamado à toa,
atirado para longe, mas por todo o lado ecoa.


Dois é bom, três é demais,
mas uma variável isolada,
de bom tem pouco ou nada.

Um, dois, três problemas,
a solução de um deles,
escrever poemas.

Tal como o três, sou um número primo,
divisível apenas por mim próprio,
talvez seja por isso que ainda esteja sozinho.

Dois portos, uma ponte,
construção falhada,
projecto abandonado, ideia adiada.

Termino este terceto,
seguindo as regras dos outros oito,
três por três, assim consolo meu pobre coração afoito.