terça-feira, outubro 24, 2006

Paradoxo

Dizem que sou poeta, mas nunca fui muito romântico,

Podem achar um paradoxo, mas romantismo em mim é inorgânico,

Escrevo poemas de amor, dedicatórias e declarações,

Mas tenho dificuldade em expressar-me, em demonstrar as minhas emoções,

Pois para mim, ser romântico, é mais que ser poeta,

É ter o jeito de escrever, mais algo que o completa,

O talento para a escrita, transcrito em formal oral,

O cantar à minha musa, de uma forma mais pessoal,

Pois cada escrita é única, cada voz é sem igual,

O saber falar, o saber estar, o saber amar,

O não recuar, o avançar, sem recear,

Cuidadosamente, astutamente, inocentemente,

Docemente, sorrateiramente, apaixonadamente,

O segredo partilhado, o rubor adocicado,

O andar mais um bocado, aproximar-se a cada passo dado,

O puxar da mesma corda, alcançar a outra metade,

O estreitar do laço, o expoente, uma nova fase da amizade,

Uma nova etapa, um novo período, ligação umbilical,

Tudo isto através da palavra, e do seu poder universal,

É certo como uma equação, fiável como uma lei quântica,

Saber usá-la, de uma forma romântica,

É mais que um dom, é uma bênção, se bem utilizada,

E até agora não vejo em mim, tal bênção espelhada.